sábado, 26 de maio de 2012

Pensando na Valentina...



Oba, tem cenoura no pedaço!

É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais, cedo demais
[...]
Vai com os anjos!
Vai em paz!
(Love in the afternoon, Legião Urbana)

Fico pensando na Valentina. É difícil não pensar nela, especialmente porque estávamos sempre juntas. A pequenina me seguia por toda parte.

Já acordávamos juntas, pois ela sempre tomava conta de minha cama antes de mim. Eu tinha que pedir licença para deitar, mas eu não ligava; até mesmo gostava de ver aquela pequenina enfiada nas cobertas – ela sentia muito frio.

Pela manhã, quando acordávamos, ela já estava alerta. Bastava eu me virar para ela aparecer toda serelepe, abanando aquele cotózinho de rabo. Muito fofa aquela pequena! Se eu fingisse que não a estava vendo, ela me mostrava que estava lá. Dava uns latidos engraçadinhos e arranhava a lateral da cama, querendo subir. Lógico que eu não resistia e a colocava para cima. Era uma farra!

Que saudade da minha baixinha!

Eu tentava pegá-la e ela saltava de lado, fugindo sem querer fugir. Latia, me mordia, me arranhava... Por vezes, deitava na minha barriga e cochilava.

Valentina tinha olhos lindos, um olhar muito expressivo. Olhinhos de jabuticaba. Cara de espertinha, como eu costumava dizer. Não dava para resistir quando ela fazia cara de “sou legal”. Vinha toda bonitinha, com o rabinho (e o corpo inteiro) abanando.

Todos os dias, nós levantávamos, ela me esperava tomar banho e descíamos. Eu colocava sua ração e água filtradinha. Minha florzinha adorava frutas, legumes e verduras. O sonho de toda mãe, né? (rs)

Valentina conhecia o barulho da gaveta de vegetais da geladeira. Ela descia correndo quando desconfiava que tivesse cenoura sendo cortada. Era apaixonada por cenoura. Quando estávamos cortando legumes para a salada ou outra preparação não dava outra: a baixinha se colocava ao nosso lado aguardando a sua parte. Vavá colocava uma das patinhas ou em nossa perna ou na porta do armário, para nos informar que sabia que algo gostoso estava sendo preparado, e que merecia um pedaço. E ai de quem fingisse que não a estava vendo... Parecia dizer que merecia respeito. Saudade da minha marrentinha!

Maçã também era objeto de desejo de Valentina. Ela mastigava com “boca boa”, aproveitando toda a crocância da fruta. Mas ela não deixava passar mamão, banana, uva, acelga, beterraba...

Faz pouco mais de 3 meses que a nossa florzinha se foi. Ao mesmo tempo em que tenho a impressão de que já se passou muito tempo, sinto que foi ontem que ela chegou fazendo barulho e conquistando o meu coração.

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